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5G

5G e o Metaverso

por Ericson Scorsim

abr 13, 2022

Muito tem se propagado na mídia e redes sociais o tal do metaverso. Não há ainda uma realidade integrada, é apenas a promessa futura de construção de um ecossistema digital. É um termo difundido pela empresa Meta, novo nome do Facebook.

Na expectativa da empresa, a previsão para o avanço do metaverso é de 5 (cinco) a 10 (dez) anos.

Ora, o que seria o metaverso?

Especialistas entendem que o metaverso é um ecossistema de infraestrutura digital, com capacidade para entrega de diversas aplicações: realidade aumentada, realidade virtual, realidade estendida, realidade híbrida, entre outras.[1] Em outras palavras, é um sistema de interatividade digital integral e avançada e multidimensional.  Aplicações 3D serão a base do metaverso. Em carro, o sistema de multimídia pode apresentar as rotas de viagens, com dados gráficos digitais. Há alguns outros temas entrelaçados com o metaverso: identidades digitais, objetos digitais, moedas digitais, inteligência artificial, interoperacionalidade de sistemas, dentre outros. 

Há expectativas quanto à criação de uma realidade paralela, à realidade do mundo físico e orgânico, a fim de criação  de “duplos”, isto é, a criação de avatares, uma persona digital, algo comum na indústria de jogos. Há a possiblidade de construção de cidades virtuais, para simular justamente a gestão urbana de uma cidade. O metaverso causará a disrupção de vários modelos de negócios, bem como proporcionará o design de novos modelos de negócios. O metaverso tem potencial para a indústria financeira, publicidade,  saúde (ex: telemedicina), educação (ex: teleeducação), entretenimento, automobilístico, jogos, cidades inteligentes,  turismo, entre outros.  Há exemplos de criação e comercialização de “filtros digitais” (uma espécie de realidade aumentada) como um novo mercado.  Segundo dados a empresa Meta, há mais 700 (setecentos) milhões de filtros digitais.  A empresa Nissan tem projetos, a partir do 5G, juntamente com a empresa de telecomunicações Verizon dos Estados Unidos, para utilização de aplicações do metaverso na tecnologia veicular.  Esta tecnologia possibilita a interação entre o motorista, o carro e o ambiente interno, externo e virtual. Há projeção de avatares, representativos de, por exemplo, pedestres que atravessam as ruas das cidades.

 Existe, também, um sistema conexão do carro com o sistema de computação em nuvem. A partir dos dados da nuvem é possível o “sensoriamento” integral do ambiente por aonde circula o automóvel (omni-sensing cloud), uma espécie de consciência situacional. Esta visualização de dados permite a verificação de congestionamento no trânsito, acidentes e prevenção de riscos de acidentes. É uma espécie de assistência cognitiva para o motorista, mediante a visualização de cenários.[2]  Há todo o potencial disruptivo para o mercado do trabalho, mesclando-se o trabalho presencial com o trabalho virtual. A título ilustrativo, a experiência com o sistema de videoconferências será melhor com o metaverso.  Óculos de realidade virtual são um dos dispositivos utilizados para esta experiência de imersão digital.  Em sua base encontra-se o sistema de blockchain e NFT (non fungible tokens).

Estas duas tecnologias servem à representação digital de ativos, bens e/ou objetos físicos. Por isto, contribuem na comercialização de bens digitais. Ora, o ecossistema do metaverso dependerá das redes de comunicações de quinta-geração (5G) e, também de redes de sexta-geração. Estas redes de 5G e 6G serão a espinha dorsal para o funcionamento do metaverso. Portanto, são necessários investimentos em conectividade digital avançada para se colher o pleno potencial do metaverso.  Há evidentemente oportunidades, mas há também riscos e desafios.

O primeiro desafio é a definição comum do metaverso e os padrões de interoperacionalidade entre os sistemas/protocolos.

O segundo desafio é a construção do ambiente regulatório adequado à promoção das inovações tecnológicas, mas ao mesmo tempo de garantia aos direitos fundamentais à privacidade, intimidade, proteção de dados, segurança, entre outros.

O terceiro desafio é  a rentabilização das aplicações do metaverso. Há uma temas sensíveis, por exemplo, a proteção de crianças e adolescentes neste ambiente virtual, bem como de públicos vulneráveis. Estudos científicos têm apontado o aumento dos índices de problemas de saúde mental devido à utilização imoderada das tecnologias.  Existem ainda desafios quanto à “educação” do mercado (agentes econômicos) quanto à percepção do impacto do metaverso. Quem sabe se no futuro teremos um metaverso para o universo político, para o aperfeiçoamento das instituições democráticas, qualidade dos serviços públicos e a melhor qualidade dos agentes políticos no Brasil! Conectividade digital em 5G é base para a implantação do metaverso.

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Ericson M. Scorsim. Advogado e Consultor em Direito Regulatório das Comunicações. Doutor em Direito pela USP. Autor do livro Jogo Geopolítico das Comunicações 5G: Estados Unidos, China e o Impacto no Brasil, Amazon. 


[1] Future Today Institute. Tech Trends Report, 2022.

[2] Invisible-to-visible visualizes real and virtual world information through augmented reality to create the ultimate connected-car experience for drivers and passengers. Nissan Motor Corporation.

Crédito de imagem: Diário do Comércio