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Jogo geopolítico sobre semicondutores entre Estados Unidos e China: a controvérsia sobre a empresa TSMC de Taiwan
Taiwan é um dos epicentros do jogo geopolítico entre Estados Unidos e China. Os dois países disputam a liderança tecnológica globalmente. Em Taiwan está a sede da TSMC, uma das maiores fabricantes globais de semicondutores. Taiwan é um território da China, com autonomia e democracia. Por isto, a China proclama um país, dois sistemas.
Os semicondutores são equipamentos essenciais em smartphones, carros, televisores, refrigeradores, entre outros. Também, semicondutores servem à indústria de defesa, utilizados em mísseis, tanques, aviões, sistemas de comando e controle. Qualcom e Nividia são fornecedores de semicondutores para a indústria de defesa norte-americana.
A TSMC tem as seguintes participações nos mercados: América do Norte (65%), Europa, Oriente Médio e África (6%), China (10%) e Ásia Pacífico (14%). É uma das empresas mais valiosas do mundo. É uma das principais fornecedoras de chips para a Apple. Por pressão do governo norte-americano, a TSMC suspendeu o fornecimento de chips para a empresa chinesa Huawei. O governo norte-americano pretendia que alguma empresa norte-americana adquirisse o controle da TSMC. Por outro lado, o governo chinês também tem interesse que alguma empresa chinesa assumisse o controle da TSMC.
Qualquer disrupção do funcionamento da TSMC pode representar ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos, eis que há dependência de indústria de eletrônicos dos chips da empresa de Taiwan. Também, qualquer disrupção da TSMC representa ameaça à segurança nacional da China. A China tem o controle dos materiais raros utilizados na fabricação dos semicondutores. Por isto, a empresa encontra-se diante do fogo cruzado entre os dois países. A empresa é ainda formada com o apoio de empresas norte-americanas, europeias e asiáticas. Marc Liu, Diretor da TSMC, em entrevista ao jornalista Fareed Zakaria em seu programa GPS na CNN norte-americana, disse que se houver invasão à Taiwan pela China, a fábrica não ficará operacional, pois seu funcionamento é interdependente com empresas dos Estados Unidos, Europa e outros países.
Os Estados Unidos anunciaram lei de incentivos à instalação de fábricas de semicondutores em território norte-americano, bem como em pesquisa e desenvolvimento de semicondutores, formação de mão de obra em tecnologia, no valor de U$ 50 bilhões de dólares. Curiosamente, o governo norte-americano sempre criticou a política de subsídios do governo chinês para sua indústria. No entanto, agora, está valendo-se da mesma tática. A TSMC pretende investir em fabricação de semicondutores no Estado do Arizona.
O Brasil pode aproveitar de oportunidades neste rearranjo da cadeia global de suprimentos de semicondutores. Para isto, é necessária sua capacitação institucional de sua política industrial e em ciência e tecnologia.
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Ericson Scorsim. Advogado e Consultor no Direito do Estado. Doutor em Direito pela USP. Autor do livro Jogo Geopolítico das Comunicações 5G: Estados Unidos, China e o Impacto no Brasil, edição autoral, 2020.
Crédito de Imagem: CaixaBank Research
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